Órgão Oficial de Divulgação Científica da
Sociedade Brasileira de VideocirurgiaISSN: 1679-1796
ANO 4 Vol.4 Nº 4 -Out/Dez 2006<< Arquivo PDF >>
Tratamento da Acalasia: Dilatação ou Cirurgia?
Treatment of Achalasia: Dilatation or Surgery?
Eduardo Neubarth Trindade, Juliana Catucci Boza,Manoel Roberto Maciel Trindade
Serviço de Cirurgia Digestiva do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Acalasia de Esôfago é a doença motora mais comum do esôfago. As opções terapêuticas são muitas, mas a melhor opção de tratamento ainda é motivo de controvérsias. Os autores avaliam os dois tratamentos considerados "Gold Standard" traçando um breve comparativo com os ensaios clínicos disponíveis entre dilatação por balão e esofagomiotomia. As evidências em relação à miotomia de Heller videolaparoscópica são avaliadas, apoiando-a como a primeira e melhor opção para o tratamento da Acalasia esofágica.
Palavras-chave: Acalasia, Videolaparoscopia, esofagomiotomia, dilataÇÃo por balÃo
Esophageal achalasia is the most common motor disorder of the esophagus. There are many therapeutic possibilities, but the treatment of choice is still controversial. The authors evaluate the two treatments that are considered the gold standard, briefly comparing the clinical trials available looking at balloon dilatation and esophagomyotomy. The evidence for videolaparoscopic Heller myotomy is evaluated, supporting it as the first and best choice for the treatment of esophageal achalasia.
Key words: Achalasia, Videolaparoscoy, esophagomyotomy,balloon dilatation.
Trindade E.N., Boza J.C. , Trindade M.R.M.Tratamento da Acalasia: Dilatação ou Cirurgia?. Rev bras videocir 2006;4(4):181-182.
Recebido em 17/02/2007
25/02/2007
calasia é a mais conhecida doença motora do esôfago. Na maioria dos casos, a etiologia á desconhecida, porém, principalmente no Brasil, há um número considerável de pacientes que desenvolvem esofagopatia chagásica. Há muitas opções de tratamento disponíveis, como medicações, toxina botulínica, dilatação por balão e cirurgia.
A opção terapêutica inicial mais empregada é a não cirúrgica, através de terapia medicamentosa e da toxina botulínica. Ambas apresentam resultados inferiores à dilatação que, por este motivo, é considerada o tratamento não cirúrgico mais eficaz para a condição4. Sendo assim, iremos restringir a comparação entre o tratamento pela dilatação endoscópica por balão e o tratamento cirúrgico da acalasia6.
A abordagem cirúrgica apresenta vantagens em relação à dilatação, tais como menor risco de perfuração esofágica, menor probabilidade de reintervenção e melhores resultados a longo prazo1. Além disso, o advento da videolaparoscopia tem apresentado resultados favoráveis em vários centros2 tornando a cirurgia uma opção ainda mais atrativa pelo fato desta técnica ser menos invasiva, associada a menos dor no pós-operatório e menor tempo de hospitalização.
Existem varias séries publicadas com tal experiência, porém, apenas dois estudos clínicos randomizados comparam a esofagocardiomiotomia de Heller com a dilatação por balão. Um deles aponta para eficácia semelhante quanto ao alívio dos sintomas demonstrando, porém, que a dilatação está mais associada ao desenvolvimento de refluxo gastresofágico a longo prazo3. O outro estudo indica superioridade da cirurgia (95 vs 65%)4, com falha de 30% nos casos tratados com dilatação. Os estudos utilizaram à técnica cirúrgica aberta, devendo ser levado em consideração que os resultados são ainda mais vantajosos quando realizada a técnica laparoscópica2. Além disso, a necessidade de múltiplas dilatações torna a esofagocardiomiotomia a primeira escolha para pacientes jovens. Estudos com um seguimento mais longo também revelam a vantagem da abordagem cirúrgica, devido as menores taxas de recidiva.
A cirurgia laparoscópica está mudando a abordagem terapêutica nas doenças esofágicas. Devido aos excelentes resultados para controle dos sintomas e baixa morbidade associada, vem ampliando as indicações para a cirurgia. A esofagocardiomiotomia laparoscópica para o tratamento da acalasia permite resolução da disfagia com uma técnica minimamente invasiva, promovendo alívio dos sintomas tanto como tratamento primário, quanto nos casos em que houve falha do tratamento com toxina botulínica ou dilatação5. Devido ao surgimento de doença do refluxo gastresofágico após a cirurgia, a adição de um procedimento anti-refluxo permanece como um dos aspectos de maior discussão, tanto em relação à necessidade, quanto à escolha da melhor técnica de fundoplicatura7.
Nas últimas décadas, a experiência com a abordagem laparoscópica tem crescido em todo o mundo, já que os resultados favoráveis estão presentes em vários estudos. Atualmente, a cirurgia minimamente invasiva mudou a abordagem da acalasia.
Aesofagocardiomiotomia videolaparoscópica apresenta melhores resultados à longo prazo, podendo ser usada como terapia inicial ou nos casos de falha com outros tratamentos, tornando-se o tratamento de escolha.
Referências Bibliográficas
1.Abir F, Modlin I, Kidd M, Bell R. Surgical treatment of achalasia: current status and controversies. Dig Surg 2004;21(3):165-76.
2.Cacchione RN, Tran DN, Rhoden DH. Laparoscopic Heller myotomy for achalasia. Am J Surg 2005 Aug;190(2):191-5.
3.Felix VN, Cecconello I, Zilberstein B, et al. Achalasia: a prospective study comparing the results of dilatation and myotomy. Hepatogastroenterology 1998;45:97-108.
4.Csendes A, Braghetto I, Henriquez A, Cortes C. Late results of a prospective randomised study comparing forceful dilatation and oesophagomyotomy in patients with achalasia. Gut 1989;30:299-304.
5.Rosemurgy A, Villadolid D, Thometz D, Kalipersad C, Rakita S, Albrink M, Johnson M, Boyce W. Laparoscopic Heller myotomy provides durable relief from achalasia and salvages failures after botox or dilation. Ann Surg 2005;241(5):725-33.
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Endereço para correspondência
EDUARDO NEUBARTH TRINDADE
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