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O que você logo verá nos hospitais

23/08/2015

Com a evolução da medicina nos últimos 30 anos, a utilização de tecnologia robótica nas salas de cirurgia já é uma realidade, beneficiando médicos e pacientes. Veja a seguir, a entrevista do Dr. Carlos Eduardo Domene, presidente da SOBRACIL, sobre o tema, publicada pelo site Exame.com esta semana.



Assim como aconteceu com a indústria, nos últimos 30 anos, a área médica foi beneficiada com o avanço da automação. Se no chão de fábrica os processos automatizados geram maior eficiência, nos hospitais e laboratórios a maior vantagem é garantir procedimentos menos invasivos e mais assertivos. Ganham os médicos, que podem ter mais controle, e os pacientes, que se recuperam rapidamente e com mais conforto.

Um exemplo desse movimento é a utilização de tecnologia robótica nas salas de cirurgia. Especialidades como urologia, ginecologia e cardiologia têm aproveitado o potencial dos robôs para procedimentos médicos. Com a ajuda das máquinas, as operações provocam menos sangramentos e suturas menores – o que diminui a probabilidade de complicações no pós-operatório. O uso dessa tecnologia também vem se disseminando em cirurgias do tórax, do aparelho digestivo e de cabeça e pescoço.

No Brasil, os maiores centros de referência para procedimentos robotizados estão na capital paulista. São realizadas, em média, 1 200 cirurgias robóticas ao ano, segundo estimativa da Sociedade Brasileira de Cirurgia Minimamente Invasiva e Robótica (Sobracil).

Antes de começar a operar com robôs, os médicos passam por treinamentos. De maneira geral, eles precisam cumprir 40 horas de prática em um simulador. Depois, participam de pelo menos cinco cirurgias como observadores e de outras 20 na companhia de profissional já treinado. “Numa cirurgia, os médicos ficam no comando de um console. Por meio dele, movimentam os braços do robô, que conseguem fazer movimentos de rotação completa”, diz Carlos Eduardo Domene, presidente da Sobracil. “Isso é essencial para operações em regiões de difícil acesso, como o diafragma e a saída do esôfago.”

A robotização é apenas uma das tendências para o futuro do atendimento médico. Aos poucos, a indústria tem descoberto novas maneiras de fazer com que o atendimento seja cada vez mais automatizado. Conheça outras três grandes tendências que dão uma ideia de como serão os hospitais e laboratórios do futuro.

1_Salas híbridas
A adoção da cirurgia robótica levou à criação de outro tipo de espaço em hospitais brasileiros: as salas híbridas. Elas unem centro cirúrgico e sala para procedimentos não cirúrgicos, com equipamentos de imagem de alta definição. A ideia é que esses espaços sejam usados antes, durante e depois das cirurgias. Assim, um paciente não precisa deixar a sala durante um procedimento para fazer exames, como uma tomografia ou ressonância.

Os aparelhos de tomografia e raio X em 3D podem ajudar a visualizar tumores e problemas cardiovasculares. As imagens ainda podem ser sobrepostas para dar mais precisão à cirurgia em casos complexos. O médico pode visualizar as imagens em múltiplos monitores e recorrer a softwares que o ajudam a ser mais exato no manuseio.

Em alguns casos, as salas híbridas permitem procedimentos multidisciplinares, em que até três especialistas trabalham em conjunto.

No Hospital Pró-Cardíaco, no Rio de Janeiro, as salas híbridas possuem tecnologias que aliam alta qualidade de imagem e dose de radiação até 75% menor. No Hospital Mater Dei, em Belo Horizonte, elas contam com câmeras e sistemas de transmissão de imagens para fins educacionais e de telemedicina. As intervenções são gravadas em 3D e podem ser transmitidas para qualquer lugar do mundo.

2_Ressonância de alta potência
A ressonância magnética começou a tomar a forma atual na década de 1970. Mas, nos últimos anos, o avanço dos sistemas permitiu que as imagens ficassem cada vez mais nítidas, o que gera benefícios para o diagnóstico precoce.

Recentemente, a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) adquiriu um equipamento que exemplifica o atual momento. Trata-se de um aparelho de ressonância magnética cuja potência é de 7 teslas.

Para se ter uma ideia, até o início da década passada prevaleciam as máquinas com potência de 1,5 tesla. Mesmo os equipamentos mais avançados do mercado atual não ultrapassam 3 teslas – o que já as torna capazes de detectar nódulos de 0,8 centímetros.

O aparelho instalado no campus da USP consegue mostrar nódulos com menos de 0,5 centímetros – o que aumenta a possibilidade de detecção precoce de um tumor, por exemplo. Há, no mundo, apenas 40 máquinas com essa capacidade.

Atualmente, o equipamento é utilizado apenas em pesquisas. Além do uso em testes de câncer, o aparelho também permite aplicações em neurociência, proporcionando melhores condições de estudo de doenças degenerativas, como Alzheimer e Parkinson.

3_Laboratório hi-tech
No dia a dia de um laboratório, o trabalho é complexo. Além dos exames, o manuseio dos resultados demanda extrema organização e segurança para que nada saia errado.

Por isso, a automação laboratorial vem se tornando uma realidade, principalmente em grandes laboratórios. Ela permite que atividades de registro – geralmente responsáveis por 50% do tempo produtivo de uma instituição do tipo, segundo o Conselho Federal de Química – sejam feitas com velocidade. Assim, podem ser otimizadas rotinas como o registro de informações de rastreabilidade e elaboração de resultados e de relatórios. O transporte e o armazenamento também podem se beneficiar de soluções automatizadas.

No Hospital da Santa Casa de Porto Alegre, o laboratório de análises clínicas processa automaticamente quase todas as informações referentes aos procedimentos realizados. Antes de a automação ser implantada, eram realizados 2,2 milhões de testes ao ano. Com o novo sistema, ativo desde 2013, esse número passou para quase 3,1 milhões.

O sistema automatizado permite que as amostras dos pacientes cheguem por tubos pneumáticos, em um percurso que demora menos de um minuto após a coleta. Recebidas, as amostras passam por triagem automática e, então, são levadas por um robô a uma esteira de 32 metros que contém 20 unidades de análise com a tecnologia conhecida como point in space. Um software faz o controle dos resultados obtidos e exibe em telas a informação em tempo real. A equipe do laboratório pode analisar e acompanhar o trabalho.

O funcionamento do sistema é ininterrupto e está programado para atender de forma flexível aos diferentes prazos estabelecidos pela equipe do hospital. Como a informação é exibida também nas telas disponíveis onde o atendimento ocorre, essa agilidade pode representar um diferencial que salva vidas no caso de emergências e prioridades.

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